Produto antifogo é utilizado em celulares, embalagens de alimentos e travesseiros.
Animais estudados vivem em uma população isolada no Sul e no Sudeste
Uma substância usada em celulares, embalagens de alimento e travesseiros utilizada para evitar que os produtos peguem fogo já está contaminando a costa braileira. Pelo menos é o que dizem pesquisadores universitários que encontraram o teor da substância em golfinhos capturados em alto mar.
Os noves golfinhos-pintados-do-Atlântico (Stenella Frontalis) foi capturados acidentalmente por pescadores entre 2004 e 2007 na costa de São Paulo, Paraná e Santa catarina. E utilizados em pesquisas pelas Universidades de São Paulo (USP), Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e a Universidade Federal do Rio Grande (Furg-RS), os cientistas encontraram a substância conhecida por ‘retardantes de chama’, PBDE ou éter difenil polibrominado, ao analisar a gordura dos animais.
Os pesquisadores também encontraram altas taxas de pesticidas organoclorados como DDT – usado em plantações do Vale do Ribeira até 1997 – e PCB (bifenilpoliclorado ou ascaréis), também proibido desde 1981, proveniente, por exemplo, de indústrias de transformadores na baixada santista.
O trabalho, publicado na edição deste mês da revista Chemosfere, mostra que a concentração dessas substâncias não chega a ser maior que a observada em outros cetáceos de áreas mais poluídas, como a costa japonesa e a costa leste dos EUA. Contudo, o estudo serve de alerta porque essa espécie de golfinho não vive muito perto da costa. E isso sugere que a contaminação pode estar se espalhando mar adentro, segundo o biólogo Marcos César de Oliveira Santos, do Instituto Oceanográfico da USP, que fez a pesquisa quando estava na Unesp de Rio Claro.
Além disso, como os golfinhos estão no topo da cadeia alimentar e as substâncias avaliadas são cumulativas, o fato de os animais estarem contaminados indica que todos os outros seres da cadeia também estão. Degradados no ambiente, esses poluentes são absorvidos pelo fitoplâncton, depois pelo zooplâncton que se alimenta dele, em seguida por crustáceos e peixes, até chegarem aos golfinhos – e, portanto, também aos seres humanos.
Os efeitos dos retardantes ainda não são bem conhecidos, até porque o uso do PBDE é recente – apareceu há cerca de dez anos.
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