http://v-pod-orcas.blogspot.com.br/
Leia a linda e triste carta "escrita da Orca Corky para Morgan" publicada pelo OrcaLab.
O OrcaLab, uma das principais estações de pesquisas com baleias, localizada ao norte da Ilha de Vancouver no Canadá, foi fundada por Paul Spong em 1971 e é referência no mundo todo quando o assunto é a população de Orcas do noroeste do Pacífico.
O OrcaLab, uma das principais estações de pesquisas com baleias, localizada ao norte da Ilha de Vancouver no Canadá, foi fundada por Paul Spong em 1971 e é referência no mundo todo quando o assunto é a população de Orcas do noroeste do Pacífico.
Eu tive a alegria e o imenso prazer de receber por e-mail uma autorização do próprio Paul Spong para traduzir e divulgar a carta aqui no blog... A carta, que foi publicada em dezembro do ano passado, às vésperas do aniversário de 42 anos de captura de Corky, é algo simbólico, mas que enfatiza o desejo do OrcaLab de libertação de Morgan e de "aposentadoria" de Corky.
Paul, assim como diversos outros pesquisadores, começou seu trabalho com Orcas em cativeiro, mas depois de conhecê-las melhor, pôde compreender a assombrosa insensatez de mantê-las nessas condições e lutar pelo conscientização do público sobre o assunto.
Paul, assim como diversos outros pesquisadores, começou seu trabalho com Orcas em cativeiro, mas depois de conhecê-las melhor, pôde compreender a assombrosa insensatez de mantê-las nessas condições e lutar pelo conscientização do público sobre o assunto.
De Corky para Morgan
Morgan, você pode não saber quem eu sou, mas como você, eu sou uma Orca, uma Orca de cativeiro...
Quarenta e dois anos atrás, numa noite de tempestade minha família acabou entrando numa pequena baía, onde de repente, apareceram homens que nos cercaram com redes. Minha mãe estava comigo. Nós não sabíamos o que fazer. Os homens gritavam em meio a tempestade e lançavam mais redes dos barcos, conforme a chuva e os ventos nos cercavam. Ficamos juntas. A noite foi horrível...
Quando a manhã chegou, a tempestade havia passado. Veio a calmaria às águas, mas os homens continuavam agitados, ainda gritando, ainda correndo nos barcos e na praia puxando redes e troncos. Ficamos paradas, bem paradas. Eu estava amontoada com minha mãe. Como você, eu era muito pequena e estava assustada. E rápido, bem rápido os homens se aproximaram e me separaram da minha mãe... De repende ela se foi...
Os homens me tiraram da água. Eu não podia me mexer. Eu estava presa. Meu coração doía. Havia barulhos estranhos, escuridão e movimento.
Quarenta e dois anos atrás, numa noite de tempestade minha família acabou entrando numa pequena baía, onde de repente, apareceram homens que nos cercaram com redes. Minha mãe estava comigo. Nós não sabíamos o que fazer. Os homens gritavam em meio a tempestade e lançavam mais redes dos barcos, conforme a chuva e os ventos nos cercavam. Ficamos juntas. A noite foi horrível...
Quando a manhã chegou, a tempestade havia passado. Veio a calmaria às águas, mas os homens continuavam agitados, ainda gritando, ainda correndo nos barcos e na praia puxando redes e troncos. Ficamos paradas, bem paradas. Eu estava amontoada com minha mãe. Como você, eu era muito pequena e estava assustada. E rápido, bem rápido os homens se aproximaram e me separaram da minha mãe... De repende ela se foi...
Os homens me tiraram da água. Eu não podia me mexer. Eu estava presa. Meu coração doía. Havia barulhos estranhos, escuridão e movimento.
Morgan, acho que você sabe como foi já que também aconteceu com você. Depois de aparentemente ter se passado um longo, longo período, havia a luz forte do sol e senti estar de volta à água. Mas não era meu lar no oceano. Eu nadei para conhecer. Eu não estava só. Havia outros e isso era confortante, mas não eram minha mãe e para sempre me entristeci.
Todos os meus companheiros, exceto por um deles, logo morreram. E depois meus bebês, um depois do outro, seis ao todo. Mais uma vez passei por outra mudança... Mudaram eu e meu parceiro mais uma vez de lugar. Tinha mais água, mais barulho, mais pessoas estranhas. Eu não tive mais bebês e meu parceiro logo morreu.
Eu sobrevivi. Por quê? O que eu estou esperando?
As memórias da minha família, da minha mãe e do meu lar no oceano não me deixam, portanto eu nado em círculos e mais círculos, dando voltas e mais voltas, sonhando...
Eu sonho com minha família e com a liberdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário