quinta-feira, 19 de julho de 2012

Cerca de 10 mil baleias jubarte estão a caminho da Bahia para se reproduzir



A viagem está chegando ao fim para  as cerca de 10 mil baleias jubarte que estão se deslocando por aproximadamente 4.500 km desde a Antártida, onde se alimentam, para o Brasil. A previsão de chegada é em julho, quando oficialmente tem início a temporada reprodutiva da espécie no litoral brasileiro. Ao retornarem para a área de alimentação, em novembro, parte delas vai acompanhada do filhote que deverá nascer no período.
 
Provavelmente serão baianos ou capixabas, já que os estados da Bahia e do Espírito Santo concentram  mais de 90% das baleias jubarte que  chegam ao País para se reproduzir e amamentar suas crias. Apesar de poderem ser avistadas do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte,  Abrolhos (Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo) é o principal destino: é lá o maior berçário das baleias jubarte de todo o Atlântico Sul Ocidental.
 
Enquanto em 2002 falávamos em cerca de 3.000 baleias jubarte no Brasil, dez anos depois este número está perto dos 10 mil. O crescimento segue apesar de ocorrências de encalhes e de ações antrópicas como aquecimento global, atropelamento por embarcações e emalhamento por redes de pesca que podem causar a morte das baleias.
 
O diretor de Pesquisa do Instituto Baleia Jubarte, Milton Marcondes lembra que a maior ameaça às jubartes foi a caça durante os séculos XIX e XX, quando era mortas para ter sua gordura utilizada na  iluminação pública e como argamassa na construção de casas. Nesta  época, das quase 30 mil baleias que existiam no Brasil, restaram menos de mil delas após a proibição da caça em 1966. “A recuperação da espécie é uma conquista que resulta do trabalho de conservação  da espécie feito pelo Projeto Baleia Jubarte e  por parceiros, que viabilizam o nosso trabalho ou somam forças em prol desta causa”, afirma Marcondes.
 
É também no  período de reprodução das jubartes que o Projeto Baleia Jubarte – patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental – consegue fazer o trabalho de fotoidentificação, que consiste em identificar os indivíduos da espécie por meio da pigmentação de sua nadadeira caudal, que funciona como uma forma de impressão digital única para cada baleia jubarte. Atualmente, o Instituto Baleia Jubarte já tem cerca de quatro  mil indivíduos identificados – a análise é feita por meio da comparação de imagens  ou também por análise genética de material recolhido. É o maior banco de imagens mantido por uma única instituição.
 
Turismo de Observação
É comum nesta época que milhares de pessoas de todo o mundo queiram aproveitar a vinda das gigantes do mar para tentar avistá-las de perto. É esta a demanda que as empresas de turismo pretendem atender com a oferta dos cruzeiros de observação de baleias,  feitos seguindo as normas de avistagem que asseguram o bem-estar da baleia, como é o caso do estabelecimento da distância mínima entre a embarcação e o animal. Os principais pontos de avistagem são: Abrolhos, Praia do Forte, Morro de São Paulo, Itacaré e outros pontos da Bahia como Prado e Cumuruxatiba. Apesar das opções, é  Abrolhos a ‘menina dos olhos’ dos que já tiveram a oportunidade de embarcar nesta aventura. De lá é possível avistar um número maior de jubartes, além da beleza característica do local, um dos principais pontos de biodiversidade do Brasil.
 
Encalhe:
Com a vinda das jubartes para o Brasil aumentam as probabilidades de encalhes da espécie em nosso litoral. Caso a população encontre uma baleia jubarte encalhada, viva ou morta, deve ligar para a equipe de Resgate do Projeto Baleia Jubarte. Também são atendidas outras espécies de baleias, golfinhos, focas ou lobos-marinhos.

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