quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Estudo revela que as baleias das Galápagos são as que apresentam maiores níveis de contaminação

foto: Discovery News

As baleias que vivem perto das ilhas Galápagos apresentam níveis de poluição mais elevados do que as que nadam noutras zonas do Oceano Pacífico, concluiu um estudo divulgado recentemente na Environmental Health Perspectives, citado pela Discovery News. Recorde-se que as Galápagos são um sítio protegido pela UNESCO. Os poluentes detectados incluem o pesticida DDT, alguns hidrocarbonos e 30 tipos diferentes de polychlorinated biphenyls (PCB).


“A ingestão é a principal via de exposição das baleias, através dos contaminantes presentes na sua dieta”, explicou Celine Godard-Codding, uma das co-autoras do estudo, acrescentando que a absorção através da pele, por exemplo, após o derrame de óleo, é também uma importante fonte de contaminação.


Esta investigadora e os colegas analisaram a pele e o óleo de 234 machos e fêmeas de cachalote em cinco locais diferentes do Pacífico: o Golfo da Califórnia (México), as ilhas Galápagos (Equador), as águas entre as Galápagos e Kiribati, Kiribati e Papua Nova-Guiné. Os cientistas analisaram amostras de tecido à procura de CYP1A1, uma enzima que é afectada por determinados hidrocarbonos, e concluiram que, quanto mais expostas as baleias estão às substâncias poluentes consideradas no estudo, mais enzimas deste tipo são produzidas.


A presença de CYP1A1 é mais elevada nas baleias das ilhas Galápagos, logo seguida daquelas que vivem no Golfo da Califórnia. Os níveis mais baixos foram detectados nos animais que vivem nas águas mais distantes do continente. “Ficámos surpreendidos com o facto de os níveis mais elevados do biomarcador CYP1A1 terem sido detectados nas Galápagos”, sublinhou Celine Godard-Codding ao Discovery News. “Ainda não sabemos se isto reflecte níveis elevados de poluentes nas águas das Galápagos ou na cadeia alimentar destas águas”.


Celine Godard-Codding acrescentou que estas substâncias poluentes são “maioritariamente produzidas pelo homem” e “acabam por ir ter aos oceanos uma vez libertados no ambiente”. “Os oceanos são o último reduto para os contaminantes ambientais mais preserverantes”, explicou a mesma investigadora”.

ONG britânica oferece cursos para salva-vidas de baleia


Uma entidade britânica está oferecendo cursos para voluntários que queiram se tornar especialistas em primeiros socorros de mamíferos marinhos.
A ONG British Divers Marine Life Rescue (BDMLR) já formou 2.500 especialistas que ficam de prontidão em vários pontos do país para salvar mamíferos marinhos - entre eles, golfinhos e baleias - encalhados nas praias da Grã-Bretanha.
Segundo especialistas, o número de encalhamentos tem aumentado e atualmente chega a 500 por ano.
Em um caso recente, o diretor da entidade, o biólogo Alan Knight, viajou por terra, água e ar para atender a um chamado de emergência: uma baleia corcunda corria risco de vida porque sua cauda havia ficado presa em uma corda na região das ilhas Shetlands, na costa da Escócia.
Mas o resgate que empolgou os britânicos ocorreu em 2006, quando a BDMLR participou da operação de salvamento de uma baleia que ficou encalhada em um trecho londrino do rio Tâmisa.
A mega-operação, que teve participação também do corpo de bombeiros, da polícia e da autoridade portuária de Londres, foi transmitida ao vivo pela TV britânica.
Infelizmente, a baleia, da espécie Hyperoodon ampullatus, ou nariz de garrafa do norte, acabou morrendo.
Porém, em entrevista à BBC, Alan Knight disse que ele e sua equipe aprenderam lições valiosas com a experiência.
Estudos de patologia nessa e em outras baleias que morreram durante resgates nos ajudaram a entender o que acontece quando as baleias encalham na praia, disse o biólogo. Como resultado, nós mudamos nossos procedimentos.
Segundo Knight, quando os músculos da baleia se rompem, ocorre a liberação de uma substância chamada mioglobina, que bloqueia o funcionamento dos rins do animal, contribuindo para a sua morte.
Hoje em dia, sabemos que, para evitar o sofrimento do animal, devemos fazê-lo dormir antes de tentar resgatá-lo.
Encalhamentos
Estudos feitos por especialistas em todo o mundo mostram que as baleias, assim como outros cetáceos, estão sob crescente ameaça por atividades humanas.
Entre os perigos, estão redes de pesca lançadas por navios pesqueiros, choques entre barcos e animais e substâncias poluentes que enfraquecem sua imunidade.
No caso específico das baleias, os cientistas acreditam que o sistema natural de orientação que utilizam para navegar pelos mares esteja sendo perturbado pelos sonares de navios de guerra.
Isso poderia explicar, ao menos parcialmente, um aumento de 25% no número de encalhamentos registrado em anos recentes.
Tomando como exemplo o caso da baleia que encalhou no Tâmisa, Alan Knight especula:
Sabemos do que essas baleias se alimentam e sabemos que esse tipo de alimento não está disponível no Mar do Norte. Ela deveria ter cruzado pelo topo da Escócia, em direção às águas profundas do Atlântico Norte.
Acreditamos que ela estava tentando nadar para o oeste, seguindo a rota normal de migração, mas acabou entrando no Tâmisa. Aquela baleia já devia estar em sofrimento considerável quando desceu (para o Tâmisa), disse o biólogo.
Uma outra possível explicação, mais positiva, para o aumento nos encalhamentos, seria o aumento nas populações de baleias em consequência das restrições à pesca.
ONG
A BDMLR foi fundada em 1990 e se baseia inteiramente em trabalho voluntário, com membros de prontidão 24 horas por dia durante todo o ano.
A entidade treina especialistas em primeiros socorros de mamíferos marinhos e possui vários tipos de equipamentos posicionados em locais estratégicos em todo o país. Há barcos de resgate, dispositivos de flutuação para os animais e kits para desembaraçá-los de redes, entre outros materiais.
Alan Knight, que também é presidente da ONG International Animal Rescue, disse que não é necessária qualquer experiência prévia em mergulho ou em medicina para se tornar voluntário.
Eu encorajaria qualquer um a integrar nossa equipe. É uma experiência muito gratificante.
Para mais notícias, visite o site da BBC Brasil
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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Aquecimento global pode explicar recorde de baleias encalhadas


 2/12/2010
A temporada de migração de baleias jubarte no Brasil fechou o ano com um número recorde de animais encalhados nas praias. Até agora, foram 96 casos. Mais do que as 30 ocorrências registradas em 2009, segundo o Instituto Baleia Jubarte. O ano recorde até então era 2007, com 43 encalhes.
As baleias passam o verão do Hemisfério Sul se alimentando nos mares próximos da Antártica. E sobem para a costa brasileira para passar o inverno acasalando ou tendo filhotes. Nessa viagem, elas não se alimentam. Por isso, principalmente quando estão voltando, famintas e esgotadas, para o Sul, nos meses de agosto a dezembro, algumas acabam encalhando nas praias.
Os estados com maior número de baleias encalhadas são a Bahia, com 36 encalhes, e o Espírito Santo, com 30. O restante ficou distribuído em locais no Rio de Janeiro (8), São Paulo (7), Sergipe (4), Rio Grande do Norte (2), Ceará (2), Alagoas (2), Paraná (1) , Rio Grande do Sul (1) e Santa Catarina (3).
Apesar dos esforços de bombeiros, biólogos e voluntários para salvar as baleias presas na areia, a maior parte dos animais não sobrevive. Muitas, além de cansadas, estão feridas ou doentes. Mas a operação de salvamento vale a pena. Recentemente, os pesquisadores conseguiram localizar uma jubarte que havia sido salva anos antes.
O aumento no número de encalhes tem duas explicações. Uma delas é uma boa notícia: as populações que migram na nossa costa estão aumentando. As jubartes foram muito caçadas até a década de 1960 e tiveram sua população reduzida para algo como 5% a 10% do original. Durante anos não houve sinais de recuperação, mas a partir do final da década de 1990 a população começou a dar sinais de crescimento. A última estimativa, feita em 2008 pelo Instituto Baleia Jubarte, apontava para cerca de 9.300 jubartes na costa do Brasil com um crescimento em torno de 7% ao ano.
Mas o que faz as baleias encalharem são acidentes de percurso muitas vezes provocados pelas atividades humanas. Segundo o veterinário Milton Marcondes, diretor do Instituto, as principais razões são ferimentos por redes de pesca (muitas ilegais) ou doenças causadas pela poluição marinha. Além disso, suspeita-se que as baleias estejam com menos fonte de alimentação no Sul. E por isso comecem a migrar mais fracas. A fraqueza pode ser conseqüência da redução do krill, pequeno crustáceo que é a base da alimentação das baleias. O krill está sendo afetado pelo aquecimento das águas do Pólo Sul com as mudanças climáticas.
(Alexandre Mansur)