sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Aquecimento global pode explicar recorde de baleias encalhadas


 2/12/2010
A temporada de migração de baleias jubarte no Brasil fechou o ano com um número recorde de animais encalhados nas praias. Até agora, foram 96 casos. Mais do que as 30 ocorrências registradas em 2009, segundo o Instituto Baleia Jubarte. O ano recorde até então era 2007, com 43 encalhes.
As baleias passam o verão do Hemisfério Sul se alimentando nos mares próximos da Antártica. E sobem para a costa brasileira para passar o inverno acasalando ou tendo filhotes. Nessa viagem, elas não se alimentam. Por isso, principalmente quando estão voltando, famintas e esgotadas, para o Sul, nos meses de agosto a dezembro, algumas acabam encalhando nas praias.
Os estados com maior número de baleias encalhadas são a Bahia, com 36 encalhes, e o Espírito Santo, com 30. O restante ficou distribuído em locais no Rio de Janeiro (8), São Paulo (7), Sergipe (4), Rio Grande do Norte (2), Ceará (2), Alagoas (2), Paraná (1) , Rio Grande do Sul (1) e Santa Catarina (3).
Apesar dos esforços de bombeiros, biólogos e voluntários para salvar as baleias presas na areia, a maior parte dos animais não sobrevive. Muitas, além de cansadas, estão feridas ou doentes. Mas a operação de salvamento vale a pena. Recentemente, os pesquisadores conseguiram localizar uma jubarte que havia sido salva anos antes.
O aumento no número de encalhes tem duas explicações. Uma delas é uma boa notícia: as populações que migram na nossa costa estão aumentando. As jubartes foram muito caçadas até a década de 1960 e tiveram sua população reduzida para algo como 5% a 10% do original. Durante anos não houve sinais de recuperação, mas a partir do final da década de 1990 a população começou a dar sinais de crescimento. A última estimativa, feita em 2008 pelo Instituto Baleia Jubarte, apontava para cerca de 9.300 jubartes na costa do Brasil com um crescimento em torno de 7% ao ano.
Mas o que faz as baleias encalharem são acidentes de percurso muitas vezes provocados pelas atividades humanas. Segundo o veterinário Milton Marcondes, diretor do Instituto, as principais razões são ferimentos por redes de pesca (muitas ilegais) ou doenças causadas pela poluição marinha. Além disso, suspeita-se que as baleias estejam com menos fonte de alimentação no Sul. E por isso comecem a migrar mais fracas. A fraqueza pode ser conseqüência da redução do krill, pequeno crustáceo que é a base da alimentação das baleias. O krill está sendo afetado pelo aquecimento das águas do Pólo Sul com as mudanças climáticas.
(Alexandre Mansur)

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