quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Doutor em Oceanografia diz que eutanásia era a única opção para baleia encalhada no Litoral Sul

14-09-2010
Professor da Univali concorda com decisões da equipe de especialistas em Santa Catarina

O biólogo marinho, doutor em Oceanografia e professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), André Barreto, disse que a
eutanásia não poderia ser evitada no caso da baleia franca encalhada na praia de Itapirubá, em Laguna, no Litoral Sul de Santa Catarina.

Em entrevista ao
Diário Catarinense nesta terça-feira, ele fala sobre a dificuldade de resgate das baleias após o período de 12 horas e diz que os procedimentos adotados pela equipe de especialistas que cuidou do animal foram corretos.

O grupo que trabalhou com a baleia franca encalhada em Laguna enviou uma nota de esclarecimento sobre as medidas empregadas na tentativa de salvar o cetáceo. A agonia do mamífero foi acompanhada com atenção e levantou vários questionamentos. Veja a seguir o que diz o professor Barreto sobre as tentativas de resgate e a decisão de sacrificar o animal.
A eutanásia poderia ser evitada?
O professor afirma que o sacrifício era a única opção. Explica que baleias têm grandes chances de sobreviverem, se devolvidas ao mar em menos de uma hora. Quando ficam encalhadas mais de 12 horas, as possibilidades são mínimas.

Barreto diz que caixa torácica é flexível para facilitar os mergulhos, mas não suporta o peso, se o mamífero ficar sobre a areia. O pulmão é comprimido, e pode haver rompimento de órgãos internos.
Semelhante ao que ocorreu no Rio Grande do Sul?
O professor diz que sim. A baleia jubarte, encalhada no Rio Grande do Sul mês passado, foi devolvida para a água depois de dias sobre a areia. Apareceu morta em 24 horas.
O tempo de agonia foi longo?
A sobrevida chamou a atenção porque é comum a morte em até quatro dias. O professor justifica que a espécie franca é mais resistente porque habita locais rasos, atrás da arrebentação.

A nota oficial do grupo que trabalhou no caso argumenta que a reserva de gordura, respirar por pulmões, temperaturas amenas que não causam hipertermia e não precisar de alimentação nem hidratação por pelo menos três meses contribuíram para o longo período de sobrevivência.
Houve falhas nos procedimentos?
Barreto considera que não. Mas diz que o trabalho poderia ser melhor, se houvesse equipamentos próprios. Ressalta que outros países têm uma fita com bóias nas extremidades, que é passada sob o animal e facilita a flutuação das baleias.
Há risco para a saúde pública?
O biólogo marinho afirma que não há contaminação da água e areia. O maior risco é o ar expelido pelo animal, que pode conter bactérias e vírus. Mas as pessoas que trabalham no resgate usam equipamentos de proteção. Depois da morte, é necessário remover o mamífero, afinal, são cerca de 40 toneladas de matéria orgânica em decomposição.
Houve omissão de órgãos ambientais?
Não é necessária a presença deles, afirma o professor, porque existe uma rede especializada em encalhes, que são os profissionais mais aptos a lidar com estas situações. Depois, eles enviam um relatório para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ligado ao Ministério do Meio Ambiente.


Necropsia e enterro da baleia

O drama da baleia franca encalhada há uma semana na praia de Itapirubá chegou ao fim exatamente à 1h11min desta terça-feira, quando foi confirmada a morte da fêmea de 40 toneladas, depois de uma segunda eutanásia.

A
remoção da carcaça da baleia durou mais de três horas e exigiu o uso de duas retroescavadeiras, dois tratores com guincho, um trator de esteiras e mais uma máquina carregadeira de grande porte.

A carcaça foi deslocada para uma área mais próxima das dunas, onde integrantes do departamento de zoologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), de Criciúma, abriram a camada de gordura para retirar amostras das vísceras que serão analisadas. Esse procedimento deve esclarecer questões como as possíveis doenças que causaram o encalhe.

Os trabalhos de necropsia devem ser encerrados nesta quarta-feira. A carcaça da baleia pode ser enterrada também nesta quarta-feira nas imediações. Em dois anos, os ossos devem ser resgatados para novos estudos. 



















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